No setor varejista brasileiro, as vendas apresentaram um crescimento de 0,6% no mês de abril, de acordo com os dados divulgados pelo Índice do Varejo Stone (IVS). Se comparado com o desempenho do mesmo período no ano anterior, o índice também apontou para uma expansão de 0,4%.
O pesquisador econômico e cientista de dados da Stone, Matheus Calvelli, salientou que, embora tenha havido um aumento específico em abril, esse resultado positivo é, a maioria, explicado pelo baixo patamar de comparação, uma vez que março havia registrado um declínio de 1,2%.
O especialista complementa que a recuperação atual ainda não compensa o baixo nível do mês anterior. O levantamento da Stone detalhou o desempenho de diferentes segmentos do varejo, revelando que sete dos oito setores analisados experimentaram crescimento em abril.
Com grande destaque, o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, que apresentou um robusto aumento de 7%. O setor de material de construção também demonstrou um desempenho positivo, com uma alta de 2,1% nas vendas.

Livrarias e construção impulsionam alta, supermercados recuam
Apesar do aumento nas vendas da maioria dos segmentos, o setor de hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e tabaco apresentou um desempenho destoante em abril, registrando uma diminuição de 2,2% em relação ao mês anterior.
Matheus Calvelli explicou que esse segmento havia apresentado um resultado positivo de 2% em março, sugerindo que a queda em abril representa um retorno aos patamares observados nos meses anteriores. O pesquisador também associou a retração no setor de bens essenciais ao cenário de inflação ainda elevada, que pode levar os consumidores a anteciparem suas compras o máximo possível, impactando o fluxo de vendas no mês seguinte.
No que diz respeito ao comércio digital, o levantamento da Stone indicou um crescimento de 5,3% em abril. No entanto, ao comparar com o mesmo mês do ano anterior, o setor online apresentou uma retração de 4,8%. Calvelli observou que “o comércio digital, apesar de apresentar níveis diferentes, também vem apontando na mesma direção de desaceleração dos índices gerais. A alta do mês está muito mais atrelada ao baixo nível de comparação, dado a queda de 9,2% do mês passado”.
A análise regional das vendas varejistas revelou que dezenove estados apresentaram crescimento anual nas vendas, com destaque para Acre (12,1%), Amapá (9,4%) e Sergipe (8,6%). Por outro lado, o Distrito Federal liderou as retrações, com uma queda de 4,7%, seguido por Mato Grosso do Sul (-4,4%) e Rondônia (-3,3%).
Atenção aos indicadores
Para avaliar a possibilidade de uma reversão do quadro atual nos próximos meses e identificar uma tendência de crescimento mais consistente, Matheus Calvelli ressaltou a importância de monitorar de perto alguns indicadores econômicos chave.
“Alguns dos principais indicadores que merecem atenção são a evolução da taxa de desemprego, o volume de criação de empregos formais, os índices de inadimplência e o nível de endividamento das famílias. Além disso, o comportamento da inflação e a política de juros continuam sendo fundamentais para entender a dinâmica do consumo”, concluiu o pesquisador.
A sustentabilidade do leve crescimento observado em abril dependerá da evolução desses fatores macroeconômicos e da capacidade do mercado de consumo de superar os desafios impostos pela inflação e pelo endividamento das famílias.