Trabalho no feriado: Congresso Nacional debate novas regras

Portaria afeta 12 das 122 atividades liberadas em feriados, sem necessidade de acordos coletivos, pelo governo Bolsonaro
Congresso Nacional em brasilia
Trabalho no feriado: Congresso Nacional debate novas regras. Reprodução/Pexels/@joelalencar

Uma nova portaria do governo federal, que deve entrar em vigor em 1º de julho, trará mudanças nas normas relacionadas ao trabalho durante os feriados no Brasil. De acordo com a medida, atividades como supermercados, farmácias e concessionárias de veículos só poderão funcionar nesses dias caso exista um acordo coletivo firmado entre os sindicatos dos empregadores e dos trabalhadores.

Essa mudança, que anula uma portaria de 2021 do governo anterior, tem gerado intensa negociação no Congresso Nacional e no meio empresarial, com pedidos de prorrogação e propostas de uma solução alternativa.

A portaria, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na gestão Lula, afeta 12 das 122 atividades que haviam sido liberadas para funcionamento em feriados sem a necessidade de acordos coletivos pelo governo Bolsonaro. Setores como hotéis, construção civil, call center, indústrias e transportes não serão afetados por essa alteração, podendo manter suas operações em feriados sem convenção coletiva. O descumprimento da portaria pode acarretar multas administrativas para os empregadores.

Cenário anterior

A proposta do governo Lula busca anular uma flexibilização implementada em 2021, que permitia a abertura do comércio em feriados sem a necessidade de acordos coletivos. Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a portaria de 2021 era “ilegal”, uma vez que não poderia se sobrepor a uma legislação federal — especificamente à Lei nº 10.101/2000, que já determinava a exigência de convenções entre patrões e empregados para o funcionamento nesses dias.

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Especialistas em Direito do Trabalho, como Rodrigo Carelli, da UFRJ, e Natalia Guazelli, da OAB/PR, corroboram essa interpretação, afirmando que uma portaria, por ser um ato administrativo, não tem hierarquia para revogar uma lei. Essa insegurança jurídica tem sido um dos argumentos para a pressão por uma nova prorrogação da entrada em vigor da medida do governo Lula, que já foi adiada quatro vezes.

Trabalho no feriado: Congresso Nacional debate novas regras
Mudança altera atividades liberadas pelo governo Bolsonaro. (Foto: reprodução/Pexels/@joãopavese)

Negociações intensas

Empresários e membros da oposição no Congresso, representados por organizações como a Frente Parlamentar de Comércio e Serviços (FCS) e a União Nacional de Entidades de Comércio e Serviço (Unecs), articulam a negociação de um novo prazo e a apresentação de uma contraproposta que concilie os diferentes interesses envolvidos.

O ministro Marinho sinalizou a possibilidade de mais um adiamento, desta vez por seis meses, para que uma proposta alternativa seja elaborada e apresentada ao Congresso. O argumento de alguns parlamentares, como Joaquim Passarinho (PL-PA), é que a portaria, se aplicada sem ressalvas, poderia inviabilizar o funcionamento do comércio em cidades menores, onde não há sindicatos de trabalhadores estabelecidos.

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Em contraste, Julimar Roberto de Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços da CUT, defende a essencialidade da convenção coletiva. Para ele, o acordo sindical garante benefícios ao trabalhador que abre mão de um dia de descanso com a família, como um dia em dobro, um tíquete-alimentação melhor ou uma carga horária reduzida. 

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