Um ano se passou desde que as enchentes atingiram o Rio Grande do Sul (RS), deixando um rastro de destruição e uma profunda dor em todo o estado. As enchentes de 2024 culminaram na perda de 184 vidas, segundo o balanço da Defesa Civil, e no desaparecimento de outras 25 pessoas. O governo estadual já investiu mais de R$ 6 bilhões na reconstrução do estado.
Os impactos da crise climática se estenderam por diversos setores, desde a infraestrutura de saúde até a educação. Na área da saúde, 298 hospitais em 87 municípios sofreram danos em suas instalações.
Na educação, mais de 400 mil alunos de escolas estaduais foram impactados pelas cheias. Das cerca de 600 escolas danificadas, oito ainda não puderam retornar aos seus espaços originais.
Um relatório conjunto do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e do Grupo Banco Mundial estimou que o impacto econômico total das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 foi de R$ 88,9 bilhões.
Investimentos e iniciativas a um ano da tragédia
Diante da devastação, o governo do Rio Grande do Sul implementou o Plano Rio Grande (PRG), um programa que visa tanto o apoio emergencial às famílias afetadas quanto a reconstrução da infraestrutura estadual. Um balanço divulgado um ano após a tragédia aponta para um investimento de aproximadamente R$ 6,9 bilhões em diversas frentes de atuação.
Uma das iniciativas de auxílio foi a campanha “SOS Rio Grande do Sul”, que arrecadou R$ 112,1 milhões. Os recursos beneficiaram 36.876 famílias, 1.500 pequenos agricultores, microempreendedores individuais (MEIs) e diversas organizações que prestaram apoio às vítimas.
Outro programa, o “Volta Por Cima”, destinou R$ 251 milhões para 100.448 famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) e residentes em áreas atingidas. Para aqueles que perderam suas casas, o governo repassou R$ 37 milhões para subsidiar aluguéis sociais e estadias solidárias, beneficiando 15.466 famílias desabrigadas ou desalojadas.
Já o Programa “Partiu Futuro Reconstrução” representa um aporte de R$ 53 milhões destinado a capacitar e inserir no mercado de trabalho 1,5 mil jovens com idades entre 14 e 22 anos.
Sistemas de proteção contra novas enchentes no RS
Consciente da vulnerabilidade do estado a eventos climáticos extremos, o Rio Grande do Sul está investindo no desenvolvimento de um sistema de proteção contra enchentes. Projetos estão em andamento para seis bacias hidrográficas: Jacuí, Gravataí, Taquari-Antas, Caí, Sino e Arroio Feijó.
O sistema engloba tanto medidas estruturais, como a construção de diques, canais de drenagem, casas de bombas, reservatórios e comportas, quanto medidas não estruturais, como sistemas de alerta antecipado, mapeamento de áreas de risco, regras para o uso do solo e protocolos de evacuação.
Os sistemas nas bacias do Jacuí, Arroio Feijós e na Região Metropolitana de Porto Alegre e São Leopoldo estão em estágios mais avançados, com a revisão dos anteprojetos em andamento. Já os projetos do Sinos e Gravataí estão na etapa de estudos de impacto ambiental, enquanto o do rio Caí tem seu termo de referência em elaboração. No caso do Taquari-Antas, o termo de referência já foi finalizado.
