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Entenda os protestos políticos que ocorrem no Nepal

Protestos de jovens no país derrubaram o primeiro-ministro e causaram incêndio na sede do governo do país

Nesta semana, intensos protestos que ocorreu em Katmandu, capital do Nepal, mobilizou a população do país, principalmente os mais jovens, em uma intensa manifestação contra o governo, que bloqueou o acesso às principais redes sociais do país. O ocorrido é resultado de uma série de crises econômicas, que levaram grande parte dos jovens a deixar o país para trabalhar. A intensa mobilização causou 19 mortes.

A chamada “Geração Z” é a principal responsável pela mobilização dos atos, que causaram a renúncia do primeiro-ministro do país, KP Sharma Oli, e o incêndio da sede do governo, do Parlamento e da Suprema Corte, além do ataque a casas de ministros. Após os atos, o governo revogou a medida que bloqueava as redes sociais no país. Apesar disso, os protestos continuaram, com o Nepal emitindo um toque de recolher, ignorado pela população, que continuou manifestando.

Contexto dos protestos

O contexto econômico e social do país asiático ajuda a explicar a mobilização. De acordo com dados do Banco Asiático de Desenvolvimento, 20% da população nepalesa vive abaixo da linha da pobreza e 22% da população entre 15 e 24 anos está desempregada. Um dos principais motivos da revolta online, que culminou nas manifestações, foi também a desigualdade e o contraste entre a ostentação dos políticos locais e a situação da população.

Os manifestantes acreditam que a medida de censura nas redes sociais se deve à crescente mobilização e denúncias realizadas pelas redes sociais sobre a corrupção no país. Grande parte dos jovens nepaleses está migrando para outros países da Ásia e Oriente Médio, em busca de trabalho.

Pelo bloqueio realizado pelo governo, muitos dos jovens que emigraram do país e ajudavam seus parentes, que ficaram no Nepal, ficaram sem contato com sua família. Duas das redes sociais que não ficaram censuradas pelo governo foram usadas como plataforma para organizar os protestos, predominantemente de jovens.

Recente democracia no Nepal

O Nepal vive uma democracia recente desde 2008, quando a monarquia foi abolida, em consequência de uma guerra civil que durou dez anos. Desde então, o país enfrenta forte instabilidade política, com frequentes trocas de governo. Com a renúncia de KP Sharma Oli, nenhum primeiro-ministro conseguiu concluir um mandato completo. Essa instabilidade tem dificultado o crescimento econômico e a criação de políticas públicas voltadas para melhorar a qualidade de vida da população.

Nos últimos anos, a frustração popular aumentou diante da corrupção e das promessas não cumpridas pelos líderes políticos. A juventude, que não viveu o período da monarquia, se tornou a mais engajada em exigir mudanças, com uma intensa mobilização pelas redes sociais. O bloqueio dessas plataformas pelo governo foi visto como uma tentativa de silenciar críticas, mas acabou gerando ainda mais revolta, culminando nas manifestações que levaram à queda do primeiro-ministro.

Uma das lideranças políticas jovens que surgem no Nepal é Balendra Shah, atual prefeito de Katmandu, capital do país. Ele chamou o ex-primeiro-ministro de terrorista, e pediu calma aos manifestantes após a renúncia. O político representa a nova configuração do cenário político nepalês, com jovens da geração Z ocupando cargos majoritários e insatisfeitos com os rumos que o país toma.