A Aliança Democrática (AD), coligação de centro-direita liderada por Luís Montenegro, emergiu como a vencedora das eleições legislativas em Portugal, conquistando 86 assentos na Assembleia da República.
No entanto, o grande destaque do pleito foi o desempenho do partido Chega, de ultradireita, que obteve 58 cadeiras, empatando tecnicamente com o Partido Socialista (PS), que também conquistou 58 assentos.
Esse resultado representa um marco histórico para o Chega, liderado por André Ventura, que teve um crescimento exponencial em relação às eleições anteriores, refletindo uma mudança no eleitorado português. O PS, por sua vez, sofreu um revés significativo, perdendo assentos e espaço no parlamento.
Apesar da vitória em número de assentos, a AD não alcançou a maioria absoluta necessária para governar sozinha. Para que Luís Montenegro retorne ao cargo de primeiro-ministro, ele precisará do apoio de outros partidos ou da aprovação do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, após consulta aos partidos com representação parlamentar.

O resultado eleitoral evidencia uma polarização crescente na política portuguesa, com o centro-direita e a ultradireita ganhando terreno em detrimento da esquerda. A participação eleitoral atingiu 64,38%.
Onda conservadora global
O crescimento da ultradireita em Portugal não é um fenômeno isolado. Observa-se uma tendência similar em diversos países da Europa e do mundo, com partidos de direita e extrema-direita ganhando força e influência. Na Alemanha, por exemplo, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) tem obtido resultados expressivos em eleições regionais e nacionais, alimentando debates sobre imigração e identidade nacional.
Na Itália, a coalizão de direita liderada por Giorgia Meloni venceu as eleições legislativas em 2022, consolidando o avanço de partidos conservadores e nacionalistas. Na França, o partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen, tem se consolidado como uma força política relevante, desafiando o establishment político tradicional.
Nos Estados Unidos, o Partido Republicano tem se deslocado para posições mais conservadoras, com a influência de figuras como Donald Trump. A ascensão de partidos e líderes de direita e ultradireita em diferentes contextos geográficos demonstra uma mudança no cenário político global, com o fortalecimento de discursos nacionalistas, conservadores e anti-imigração.
Futuro de Portugal
O novo cenário político em Portugal apresenta desafios para a governabilidade e a estabilidade do país. A necessidade de negociações e acordos entre partidos com visões ideológicas distintas pode gerar instabilidade política e dificultar a implementação de políticas públicas.
A ascensão da ultradireita, com seu discurso populista e nacionalista, também levanta preocupações sobre o futuro da democracia e dos direitos humanos em Portugal. A polarização crescente e a radicalização do debate político podem gerar tensões sociais e ameaçar a coesão nacional.