MC Poze é acusado pela polícia do Rio de propagar “narcocultura”

Após a prisão do artista, a polícia intensifica a acusação de que ele seria ferramenta de disseminação da ideologia do Comando Vermelho
Poze do rodo de cabeça abaixada e com cordão de ouro
Polícia do Rio acusa MC Poze de propagar "narcocultura". Reprodução/Instagram/@pozevidalouca

Através do secretário Felipe Curi, a polícia Civil do Rio de Janeiro associou a arte do Mc Poze do Rodo à “disseminação da ideologia e da narcocultura do Comando Vermelho”. Essa acusação levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão artística, a representação da realidade social nas letras e a tênue fronteira entre a arte e a apologia ao crime. 

Entenda o que aconteceu

O cenário musical brasileiro foi abalado recentemente com a prisão de Marlon Brendon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo. O caso ganhou destaque não apenas pela detenção do artista, mas também pela declaração da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que, em coletiva de imprensa, por meio do secretário estadual Felipe Curi, afirmou que Poze teria transformado sua música em uma “ferramenta de disseminação da ideologia e da narcocultura do Comando Vermelho”. 

A prisão de Poze do Rodo e as subsequentes declarações da autoridade policial reacenderam discussões sobre o conceito de “narcocultura” no Brasil. A Polícia Civil intensificou as investigações, alegando que o MC não apenas exalta o estilo de vida criminoso em suas canções, mas também se beneficia financeiramente de uma estrutura que, segundo a polícia, faz a utilização de seus shows para movimentar recursos para o tráfico de drogas.

Polícia diz que shows de Poze movimentam recursos para tráfico de drogas. (Vídeo: Reprodução/YouTube/Terra Brasil).

Narcocultura: o conceito e a defesa dos MCs

O conceito de narcocultura, conforme explicado pela Polícia Civil, abrange o conjunto de símbolos, comportamentos, valores e estéticas que se desenvolvem em torno do narcotráfico. Essa manifestação é visível em diversas formas de arte, como música, filmes e séries, e glorifica frequentemente a imagem de traficantes, retratando-os como figuras de poder e carisma. A ostentação de bens luxuosos, como carros, joias e roupas de grife, também é um traço marcante dessa cultura.

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Segundo o secretário Felipe Curi, as letras de Poze do Rodo são problemáticas por enaltecerem o uso de armas de grosso calibre e de drogas, além de fomentarem guerras e disputas territoriais entre facções criminosas rivais. A Polícia Civil argumenta que essa estratégia vai além da expressão artística, utilizando MCs e influenciadores digitais como ferramentas para difundir a ideologia criminosa e movimentar recursos ilícitos, caracterizando, assim, o fomento à “narcocultura“. 

MC Poze
Polícia diz que Mc’s difundem ideologia criminosa. (Foto: reprodução/Instagram/@pozevidalouca)

A Polícia Civil afirma que o dinheiro gerado pelos shows de Poze financia a compra de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos usados em atividades criminosas. A corporação também declara que as letras das músicas ultrapassam os limites da liberdade de expressão e artística previstos na Constituição, caracterizando crimes como apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações prosseguem para identificar outros envolvidos e os financiadores diretos desses eventos.

Em contrapartida, outros artistas, como MC Cabelinho e Oruam, que também estão sob investigação policial, saíram em defesa de Poze do Rodo, criticando a avaliação da polícia. Cabelinho argumenta que há uma disparidade na forma como a arte é interpretada. “Agora, quando um MC funkeiro favelado relata a realidade, o que acontece na favela, nas músicas dele, é apologia ao crime.” 

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Oruam, por sua vez, questionou a eficácia da prisão na erradicação do crime, sugerindo que a criminalização de artistas periféricos é uma forma de o Estado dar uma resposta à sociedade: “Prenderam o Poze. E a pergunta que não quer calar é: acabou com o crime? O estado está perdendo. E para saciar o povo, a sociedade com algum tipo de resposta, a tropa, ele vai criminalizar o pobre, preto, favelado, é o que ele está fazendo com o Poze.”

A equipe de Poze do Rodo também se manifestou em nota, negando as acusações de associação ao tráfico e apologia ao crime. A defesa de MC Poze afirma que o artista, “venceu na vida através de sua música”, e que a situação se trata de uma perseguição relacionada ao preconceito institucional.

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