Descoberta na ciência: Estudo revela que neurônios têm a capacidade de mudar de tipo

Uma pesquisa revelou algo inédito que altera paradigmas: os neurônios possuem capacidade de alterar sua identidade
exames de imagem em contraste do cérebro.
Descoberta na ciência: os neurônios podem mudar de tipo. Reprodução/Pexels/@cottonbrostudio

Um estudo realizado pelo grupo interdisciplinar Braingeneers, das universidades da Califórnia, em Santa Cruz e em São Francisco (UC Santa Cruz e UCSF), nos Estados Unidos, causou um grande impacto na neurociência ao revelar que os neurônios são capazes de modificar sua própria identidade.

A pesquisa, divulgada recentemente na revista iScience, empregou organoides cerebrais tridimensionais para acompanhar o crescimento e a adaptação dessas células nervosas in vitro. Os resultados mostraram uma plasticidade de destino até então inesperada e abriram novas perspectivas sobre a função cerebral e distúrbios do neurodesenvolvimento.

Até o momento, a neurociência tem sustentado a ideia de que os neurônios, células do cérebro que são encarregadas de transmitir sinais elétricos e químicos, são estruturas permanentes e não sofrem alterações.

No entanto, a pesquisa do Braingeneers desafia essa visão, provando que a identidade de um subtipo neuronal pode ser muito mais maleável e influenciada pelo ambiente do que se imaginava.

Revelada plasticidade neuronal inédita

A chave para essa descoberta revolucionária foi a utilização de organoides cerebrais, modelos tridimensionais do tecido cerebral cultivado em laboratório. Esses modelos proporcionaram um ambiente mais semelhante ao cérebro real, permitindo aos pesquisadores observar o desenvolvimento e a adaptação dos neurônios de uma forma que as culturas celulares planas tradicionais não permitiam.

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O foco inicial da pesquisa foi um tipo específico de neurônio inibitório, conhecido como neurônio positivo para parvalbumina (PV+), que desempenha um papel crucial na transmissão ultrarrápida de informações no cérebro e está relacionado a distúrbios como autismo e esquizofrenia.

Para o primeiro autor do artigo, Mohammed Mostajo-Radji, pesquisador do Instituto de Genômica da UC Santa Cruz, essa nova compreensão da plasticidade neuronal força a ciência a “repensar como os neurônios são realmente feitos e mantidos, e a influência do ambiente nesse processo”.

Descoberta na ciência: Estudo revela que neurônios têm a capacidade de mudar de tipo
Modelos tridimensionais do tecido cerebral cultivados em laboratório foram a chave para descoberta. (Foto: Reprodução/Pexels/@cottonbrostudio)

A capacidade de produzir esses neurônios PV+ em laboratório, facilitada pelo ambiente tridimensional dos organoides, representa um avanço no estudo de doenças neurológicas e no desenvolvimento de modelos cerebrais mais precisos para pesquisa. “Agora, podemos fazer um modelo mais realista do cérebro”, comemora Mostajo-Radji.

Próximos passos

Intrigados com a plasticidade observada, os pesquisadores realizaram um experimento adicional, adicionando outro tipo de neurônio inibitório, chamado somatostatina, aos organoides 3D.

Eles observaram que alguns neurônios da somatostatina se transformavam em neurônios PV+. Embora os mecanismos genéticos e ambientais exatos por trás dessa transição ainda não sejam totalmente compreendidos, essa descoberta sugere que a mudança de identidade neuronal observada in vitro pode também ocorrer em células vivas do cérebro.

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Essa possibilidade abre um leque de novas questões e linhas de pesquisa. Mostajo-Radji teoriza que “talvez haja um processo em que isso tenha sido realmente observado no cérebro, mas negligenciado. É uma janela empolgante que devemos explorar”.

Agora os pesquisadores planejam aprofundar a investigação das vias genéticas envolvidas nessa transição e explorar o papel dos neurônios excitatórios no destino das células inibitórias.

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