Press ESC to close

“Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente”: a história real por trás da minissérie da HBO Max

"Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente", lançada pela HBO Max, retrata a epidemia de AIDS no Brasil dos anos 1980

Lançamento e recepção

Desde sua estreia em 31 de agosto de 2025, na HBO Max, a minissérie brasileira “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente” tem provocado fortes reações entre críticos e espectadores. Com apenas cinco episódios, a produção dirigida por Marcelo Gomes e Carol Minêm aposta em um enredo intenso, que mistura drama humano, denúncia social e momentos de solidariedade. O elenco de peso, liderado por Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva, contribui para dar profundidade a uma narrativa que, apesar de ficcional, tem raízes em uma história real.

Enredo e contexto histórico

A trama acompanha Fernando (Massaro), um comissário de bordo que, nos anos 1980, descobre ser portador do HIV. Ao lado da amiga Lea (Linzmeyer) e do artista drag Raul (Silva), ele se envolve em uma rede clandestina dedicada a contrabandear o medicamento AZT dos Estados Unidos para o Brasil. Naquele período, o fármaco já era utilizado internacionalmente, mas ainda não havia sido autorizado no país. A narrativa expõe não apenas a luta pela sobrevivência, mas também os preconceitos e estigmas que cercavam a epidemia de AIDS.

Ícaro Silva, Bruna Linzmeyer e Johnny Massaro, estrelas de "Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente". (Foto: Chiacos)
Ícaro Silva, Bruna Linzmeyer e Johnny Massaro, estrelas de “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente“. (Foto: Chiacos)

O pano de fundo é o Rio de Janeiro da década de 1980, marcado por efervescência cultural, mas também por desinformação e medo. As políticas públicas demoraram a dar resposta à crise, e muitos doentes foram discriminados e abandonados.

Inspiração em fatos reais

Embora os protagonistas sejam personagens fictícios, a série se inspira em um movimento que de fato ocorreu. Comissários de bordo da extinta Varig organizaram-se para trazer o AZT ilegalmente dos Estados Unidos, arriscando suas carreiras e a própria liberdade em nome da vida de amigos e colegas. Essa operação de solidariedade foi documentada por jornalistas e tornou-se um exemplo da capacidade de mobilização diante da negligência estatal.

Para garantir rigor histórico, a produção contou com a consultoria da médica infectologista Márcia Rachid, que atua no combate à AIDS desde os anos 1980. O roteirista Thiago Pimentel reforçou que o objetivo principal era não apenas retratar o passado, mas também discutir os desafios ainda presentes — o Brasil registra cerca de 10 mil mortes por ano em decorrência da doença.

Elenco e preparação

Um dos pontos fortes da série está nas atuações. Johnny Massaro mergulhou em relatos de comissários da época e chegou a treinar em simuladores de voo para dar veracidade ao personagem. Bruna Linzmeyer equilibra drama pessoal e engajamento social em sua personagem, enquanto Ícaro Silva traz representatividade ao interpretar Raul, figura que conecta arte, boemia e resistência.

Iara (Eli Ferreira), Nando (Johnny Massaro) e Lea (Bruna Linzmeyer) são comissários de bordo na minissérie.(Foto: Guilherme Leporace)
Iara (Eli Ferreira), Nando (Johnny Massaro) e Lea (Bruna Linzmeyer) são comissários de bordo em minissérie. (Foto: Guilherme Leporace)

Relevância atual de “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente”

Além de resgatar a memória de um período doloroso, “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente” atualiza o debate sobre o HIV. A série adota uma linguagem respeitosa, evitando termos estigmatizantes, e mostra como, atualmente, o tratamento possibilita uma vida longa e saudável. Ainda assim, o preconceito persiste, e é justamente contra essa “herança” que a produção se coloca.

Com uma ambientação fiel aos anos 1980, figurinos detalhados e trilha sonora marcante, a minissérie vai além do entretenimento, funcionando como memória, denúncia e celebração da solidariedade.