O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou profundo pesar pela morte de José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, nesta terça-feira (13), aos 89 anos. A notícia da morte de Mujica, que lutava contra um câncer de esôfago, reverberou por toda a América Latina, dada a sua trajetória de luta pela democracia e justiça social.
Em comunicado oficial divulgado pelo Palácio do Planalto, Lula destacou o compromisso inabalável de Mujica com a democracia, especialmente durante a ditadura uruguaia. “Combateu fervorosamente a ditadura que um dia existiu em seu país”, afirmou Lula, ressaltando que Mujica “nunca deixou de militar pela justiça social e o fim de todas as desigualdades”.
A relação de amizade entre Lula e Mujica, sustentada por uma forte afinidade tanto política quanto pessoal, manteve-se sólida ao longo dos anos. No último encontro entre os dois, realizado em dezembro do ano passado, Lula se emocionou ao declarar que Mujica era “a pessoa mais extraordinária” que já conhecera. Para o presidente brasileiro, a inteligência e a perspectiva de Mujica continuarão sendo uma fonte de inspiração para movimentos sociais e políticos que buscam construir uma sociedade mais justa.
Assim, a notícia do falecimento de Mujica, que vinha enfrentando complicações de saúde desde que foi diagnosticado com um tumor no esôfago em abril de 2024, causou grande comoção no Uruguai e em diversos países da região. Sua esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky, havia informado que Mujica estava em “situação terminal” e recebia cuidados paliativos.
Da Guerrilha à Presidência
José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, nascido em 1935 em uma zona rural de Montevidéu, teve uma trajetória marcada pela luta e pela transformação. Sua infância humilde, marcada pela perda precoce do pai e pelo trabalho ao lado da mãe, moldou seu caráter e sua visão de mundo.
A militância política de Mujica começou em um partido de direita, o Partido Nacional, no entanto, nos anos 1960, sua visão se radicalizou, e ele se juntou ao Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), uma guerrilha socialista que lutou contra a ditadura militar uruguaia. Sua participação no movimento resultou em três prisões, sendo a mais longa durante a maior parte da ditadura, onde sofreu torturas e humilhações.
Após a redemocratização do Uruguai, Mujica abandonou a luta armada e se uniu à Frente Ampla, coalizão de esquerda que se tornaria a principal força política do país. Ele deu início à sua carreira na política institucional ao fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), uma vertente de esquerda integrante da coalizão Frente Ampla.
Mujica assumiu o cargo de deputado em 1994 e, posteriormente, foi eleito senador em 1999. Durante a gestão de Tabaré Vázquez, atuou como ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, destacando-se por seu compromisso com os pequenos produtores rurais e por impulsionar a expansão do mercado de carne do Uruguai.
Legado de Mujica
Em 2009, Mujica foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou de 2010 a 2015. Sua gestão foi marcada por políticas progressistas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo, além de medidas sociais que reduziram a pobreza e o desemprego no país.
