A Justiça da cidade de Santos, no estado de São Paulo, rejeitou por duas vezes os pedidos feitos por Neymar Jr. e seu pai, Neymar da Silva Santos, que buscavam impedir a divulgação do podcast “Neymar”, produzido pelo portal UOL. A iniciativa judicial visava barrar a exibição da série, que analisa a carreira do jogador e o papel de seu pai como gestor de sua trajetória, sob a justificativa de ausência de acesso prévio ao conteúdo e possível utilização de documentos confidenciais.
O juiz responsável pelo caso, Eduardo Haddad, ressaltou que personalidades públicas estão sujeitas à avaliação crítica que a tentativa de bloquear previamente a veiculação da obra contraria os princípios da liberdade de imprensa assegurados pela Constituição.
Lançado em 22 de abril, o podcast investiga os primeiros passos e as controvérsias ao longo da vida profissional do jogador, além da influência exercida por seu pai em suas escolhas dentro do esporte. Embora a defesa alegue que não houve oportunidade de apresentar o outro lado da história, há registros de que a equipe de jornalismo do UOL procurou os representantes do jogador diversas vezes desde outubro de 2024 para obter declarações.

Tentativa de Neymar e do pai de barrar podcast do UOL
A Justiça de Santos negou, em duas ocasiões, os pedidos feitos por Neymar Jr. e seu pai, para impedir a veiculação do podcast “Neymar”, produzido pelo UOL. A primeira ação foi protocolada em 20 de abril, durante o plantão de Páscoa. A segunda foi ajuizada em 22 de abril, dia do lançamento da série.
Na primeira decisão, o juiz Eduardo Haddad considerou que o jogador é uma figura pública, cuja notoriedade foi construída justamente pelos meios jornalísticos que ele agora tenta restringir. O magistrado avaliou que a fama acarreta tanto bônus quanto ônus. Também entendeu que não houve violação de direitos pelo uso do nome ou da história de uma pessoa pública e notória.
Na segunda tentativa, o atleta e seu pai pediram acesso prévio ao conteúdo do podcast, com solicitação de multa diária de R$ 100 mil caso não fosse atendido. O juiz Gustavo Antonio Pieroni Louzada indeferiu o pedido ao afirmar que não há fundamento legal para permitir a prévia análise, aprovação ou veto de conteúdo jornalístico, mesmo que a vida e os negócios dos interessados sejam o tema da produção. Ele alertou que tal medida configuraria censura prévia, prática proibida pela Constituição desde 1988. Diante das negativas judiciais, Neymar e seu pai decidiram desistir da ação.
O podcast “Neymar” e as reações
Produzido pelo UOL Prime, o podcast “Neymar” é apresentado pelos jornalistas Juca Kfouri e Pedro Lopes. Com seis episódios semanais, a produção investiga a trajetória de Neymar Jr. e de seu pai, revelando como ambos construíram um império bilionário em torno do talento e da imagem do jogador. O conteúdo está disponível no YouTube do UOL Prime e nas principais plataformas de áudio.
A assessoria de Neymar alegou que o objetivo da ação não era censurar o conteúdo, mas garantir acesso prévio para evitar eventuais prejuízos a terceiros, contratos, processos judiciais em curso e à intimidade dos envolvidos. O advogado Gustavo Ribeiro Xisto afirmou que a análise dos danos será feita posteriormente e que, caso se confirmem prejuízos, os responsáveis poderão ser acionados judicialmente.
Segundo o UOL, a equipe do podcast tentou entrar em contato com Neymar e seu pai desde outubro de 2024. Foram enviados e-mails e mensagens para assessores e também diretamente para Neymar pai, mas nenhuma resposta foi recebida.