A Universidade de Harvard, uma das instituições de ensino mais prestigiadas do mundo, encontra-se no centro de uma tempestade política e acadêmica após a recente decisão do governo Trump de revogar sua permissão para matricular estudantes internacionais.
Anunciada em 22 de maio de 2025 pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA, a medida cancelou a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP) de Harvard, e impede que a universidade aceite novos alunos de outros países e ainda coloca em risco a situação dos estudantes estrangeiros que já fazem parte de seu corpo discente.
Essa medida impacta diretamente uma grande parte da comunidade universitária, visto que aproximadamente 27% dos alunos de Harvard, totalizando 6.793 estudantes, vêm de outros países. A ação gerou uma forte reação da universidade, que a classificou como “ilegal” e prometeu defender sua capacidade de acolher a diversidade de talentos de mais de 140 países.

Histórico de tensões e conflitos
A proibição imposta por Trump não ocorre isoladamente; ela está inserida em um cenário de tensões crescentes entre seu governo e as universidades de elite dos Estados Unidos. O conflito com Harvard, em especial, ganhou força no mês anterior, após o congelamento de US$ 2,2 bilhões em recursos federais por parte da administração.
Na ocasião, Harvard havia se recusado a atender às exigências da Casa Branca, incluindo a reforma de seu programa de estudantes internacionais. Essa negativa posicionou Harvard como a primeira grande instituição acadêmica a se opor publicamente às novas diretrizes impostas pelo governo Trump.
A Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, foi clara ao afirmar que a revogação da certificação SEVP impede Harvard de matricular “estrangeiros com status de não imigrante F ou J” para o próximo ano letivo. Isso implica que estudantes estrangeiros nessa situação precisarão se matricular em outra instituição credenciada para preservar seu status de não imigrante nos Estados Unidos.
Impactos diretos e indiretos no Brasil
Embora a decisão seja centrada nos Estados Unidos, seus impactos reverberam globalmente, e o Brasil não é exceção. Milhares de estudantes brasileiros têm o sonho de estudar em universidades americanas, e Harvard é, para muitos, o ápice dessa aspiração.
A incerteza gerada pela proibição pode desestimular novos candidatos a buscar intercâmbios ou matrículas nos EUA, levando-os a reconsiderar outros destinos. O Brasil, que tem investido na internacionalização de suas próprias universidades, pode se deparar com um cenário complexo.
Se, por um lado, o endurecimento das regras americanas pode potencialmente redirecionar parte desse fluxo de estudantes para outros países, por outro, a instabilidade generalizada nas políticas de mobilidade acadêmica pode afetar a percepção de segurança e atratividade do intercâmbio em geral.
A medida pode forçar universidades brasileiras a revisitar e fortalecer suas estratégias para atrair e reter talentos, garantindo que o país permaneça como um polo de pesquisa e formação, independentemente das oscilações políticas internacionais.