O cenário da sanidade avícola brasileira torna-se preocupante com a confirmação do primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial, localizada em Montenegro, no Rio Grande do Sul.
Em meio a esse alerta, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e órgãos estaduais intensificam o monitoramento e investigam mais duas suspeitas da doença em criações comerciais nos estados de Tocantins e Santa Catarina. A notícia surge após a detecção de aves com sinais clínicos suspeitos de gripe aviária em um frigorífico de frango de corte em Aguiarnópolis (TO) e a identificação de uma possível ocorrência em uma criação em Ipumirim (SC).
Em Tocantins, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adapec) informou que a investigação teve início durante uma inspeção de rotina realizada na última sexta-feira (16/5) em um frigorífico local. A equipe veterinária identificou aves com sintomas que levantaram a suspeita de influenza aviária.
Amostras foram coletadas e enviadas para análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) de Campinas (SP), unidade de referência do Mapa para diagnósticos de gripe aviária. A expectativa é que os resultados dos exames sejam divulgados nesta segunda-feira (19).
Como forma de precaução e em conformidade com os protocolos sanitários vigentes, a Adapec realizou a interdição imediata da propriedade de origem das aves sob suspeita. Além disso, a ficha sanitária do frigorífico foi suspensa, o que impede, de forma temporária, o abate e a venda de aves até que a investigação seja concluída e um laudo final, seja emitido.

Na outra ponta do país, em Santa Catarina, o painel de monitoramento do Ministério da Agricultura revelou, na noite de domingo (18), a investigação de mais um caso suspeito em uma criação comercial localizada no município de Ipumirim. Detalhes sobre a natureza da suspeita e as medidas que estão sendo tomadas ainda não foram amplamente divulgados.
O que é Gripe Aviária?
A gripe aviária, ou influenza aviária, é uma enfermidade contagiosa provocada por vírus pertencentes à família Orthomyxoviridae. Esses agentes infecciosos são encontrados de forma natural em aves silvestres ao redor do planeta, mas também têm a capacidade de contaminar aves domésticas e outros animais. Existem diversas variações e subtipos do vírus da influenza aviária, que são identificados com base em duas proteínas presentes em sua superfície: a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N).
A gravidade da doença varia significativamente dependendo do subtipo do vírus e da espécie de ave infectada. Dessa forma, a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), como o subtipo H5N1 identificado no foco gaúcho, é particularmente preocupante devido à sua alta capacidade de causar doença grave e mortalidade em aves domésticas, além do potencial de transmissão para outras espécies, incluindo mamíferos e, em raros casos, humanos.
A transmissão do vírus pode ocorrer por contato direto com aves infectadas, suas secreções (fezes, saliva, muco nasal) ou superfícies contaminadas. Em granjas, a rápida disseminação da doença pode levar a perdas econômicas significativas devido à morte de aves e à necessidade de sacrifício de plantéis inteiros para conter a propagação do vírus.
Impactos e próximos passos
A identificação de um foco em uma criação comercial no Rio Grande do Sul, juntamente com novas suspeitas nos estados de Tocantins e Santa Catarina, acende um sinal de alerta para a avicultura brasileira, que ocupa posição de destaque entre os maiores exportadores de carne de frango do planeta. Então, a detecção da gripe aviária em granjas comerciais pode gerar restrições comerciais por parte de países importadores, impactando significativamente a economia nacional.
Além dos casos em criações comerciais, o painel do Ministério da Agricultura também aponta para a investigação de quatro possíveis focos em aves de subsistência, localizados em Triunfo (RS), Brasilândia (MT), Graciosa Cardoso (SE) e Salitre (CE). É importante ressaltar que, se confirmados, esses casos em criações de subsistência não acarretam impactos comerciais para o Brasil, conforme as normas internacionais.
Enquanto a divulgação dos resultados laboratoriais das amostras coletadas nos casos suspeitos é aguardada, as autoridades sanitárias reforçam as medidas de vigilância em todo o território nacional, intensificando a coleta de amostras e a inspeção em granjas para garantir a detecção precoce de qualquer nova ocorrência e a rápida implementação de medidas de controle, visando proteger a saúde animal e a economia do país.