Na manhã desta sexta-feira (13), a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo no governo de Jair Bolsonaro, por suspeita de ajudar Mauro Cid a obter um passaporte português.
A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Machado é investigado por supostamente ter tentado emitir um passaporte português, em maio deste ano, para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e réu em inquérito no STF, para viabilizar sua saída do país.
A PGR argumenta que iniciativa do ex-ministro configura “obstrução de investigação de organização criminosa e favorecimento pessoal”.
O mandado foi cumprido em Recife. O empresário foi submetido ao exame de corpo de delito e posteriormente transferido para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na região metropolitana de Recife.
Machado nega as acusações
Em nota, Machado diz que não cometeu crime algum e afirma que não buscava passaporte para Cid, apenas tratou da renovação do passaporte português de seu pai por telefone.
A defesa afirma que o pedido de prisão foi compartilhado apenas pela imprensa, sem que eles acessassem o despacho oficial do Ministro Alexandre de Moraes.
O advogado de Cid informou que o militar não tinha intenção de deixar o país e que desconhecia qualquer tentativa de intercâmbio para fuga.
Quem é Gilson Machado?
Gilson Machado, 57 anos, natural do Recife, tem uma trajetória versátil como veterinário, produtor rural, empresário turístico e sanfoneiro.
Em maio de 2019, assumiu a presidência da Embratur e, em dezembro daquele ano, foi nomeado ministro do Turismo, cargo que ocupou até março de 2022.
Candidatou-se ao Senado em 2022 e à prefeitura do Recife em 2024, mas sofreu derrota nas duas disputas.
Investigações ainda estão em andamento
A prisão de Machado faz parte das investigações sobre a trama golpista e a organização criminosa articulada em favor de Bolsonaro após as eleições de 2022.
Até o momento, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão, além da quebra de sigilos, conforme autorização de Moraes.
A PGR pediu ao STF a abertura de inquérito, com apoio nos indícios da Polícia Federal, e solicitou a análise de documentos, mídias e dispositivos eletrônicos que possam comprovar a suposta obstrução.
O desdobramento imediato inclui depoimentos de Machado e Cid, análise da campanha de arrecadação via Pix e cruzamento de dados telefônicos com registros do consulado português.
