Qual é o impacto de uma mulher assumir uma posição de liderança, seja em um órgão público ou em uma organização privada? Essa é uma questão recorrente e muito relevante para os dias atuais. Cada vez mais, vemos mulheres se motivando e conquistando espaços de liderança.
A história do Movimento Futuro, ONG fundada em São Paulo, é um exemplo poderoso. Criado em 2015 como Programa Futuro, o projeto começou dentro das escolas, trabalhando habilidades socioemocionais e sonhos dos adolescentes. Em 2018, tornou-se oficialmente uma organização da sociedade civil, com o propósito de inspirar projetos de vida e transformar realidades.
Sobre essa trajetória, Isabella destaca:
“Primeiro, porque nos fez perceber a urgência de ocupar espaços que, historicamente, sempre foram masculinizados. Liderar uma organização nos mostrou o quanto é necessário que mais mulheres estejam à frente de projetos sociais e que a própria presença feminina na liderança inspira outras mulheres a se engajarem — hoje, a maior parte das nossas voluntárias são mulheres, e isso não é por acaso.”
Já Sofia chama atenção para o desafio de romper barreiras internas e sair da zona de conforto:
“Percebemos que, se realmente queremos que o Movimento Futuro cresça e tenha impacto amplo, precisamos assumir de forma consciente o papel de liderança, mesmo quando isso significa sair de zonas de conforto no nosso caso, deixar um pouco o pedagógico de lado para mergulhar em gestão, formação e editais.”
Essas falas mostram que liderança feminina não é apenas sobre ocupar cargos, mas sobre inspirar, assumir responsabilidades e transformar pessoas e comunidades.
De qual modo você está saindo da sua zona de conforto para se tornar um líder?
Muitas vezes, liderar não significa começar em grande escala, mas dar o primeiro passo em algo pequeno, comum e próximo. Foi assim que Sofia e Isabella começaram, com uma ONG local que cresceu e passou a impactar crianças, jovens, mulheres e homens em vários estados do Brasil. Esse processo trouxe não apenas transformação social, mas também fortalecimento pessoal, gerando nelas a consciência de que eram, de fato, líderes de impacto.
Liderar não é ter todas as respostas prontas, mas ter coragem de caminhar mesmo na incerteza, com clareza de propósito e disposição para aprender no processo.
Quantas vezes você deixou de assumir algo por medo de não estar pronto? Talvez seja exatamente aí que nasce a liderança: no instante em que você decide sair da zona de conforto, assumir responsabilidades maiores que você e perceber que, ao inspirar pessoas, você também se transforma.
Quando nos sentimos, de fato, líderes?
A liderança não nasce do nada. Ela é construída passo a passo, com consistência e humanidade. Uma liderança humanizada vai além de números e cargos: ela se expressa na capacidade de inspirar pessoas, engajar sonhos e manter viva uma causa.
No caso da ONG Movimento Futuro, as próprias fundadoras relatam esse processo de amadurecimento como líderes.
Na entrevista, Sofia compartilha um momento marcante:
“O momento em que realmente me senti líder foi neste ano, quando percebemos que já tínhamos mais de 50 voluntários. Eram 50 pessoas que acreditavam na mesma missão e estavam dedicando aquilo que existe de mais valioso na vida: tempo e tempo é irrecuperável. Foi aí que eu percebi que não estávamos sozinhas, que havia pessoas engajadas nas mesmas causas.”
Ela também recorda outro marco transformador:
“Outro momento muito marcante foi quando nosso jogo, criado lá em 2015 para trabalhar habilidades socioemocionais e sonhos, chegou a mais de 30 cidades de 12 estados do Brasil. Eu pensei: ‘caraca, aquilo que a gente faz é importante de verdade, e precisamos assumir nossa liderança para que o movimento continue e não se perca’. Esse foi o marco de entender que liderança também é manter vivo o DNA do projeto, de uma forma democrática, mas fiel aos nossos valores.”
Já Isabella destaca que sua percepção de liderança surgiu da necessidade de organizar e cuidar das pessoas que acreditavam no projeto:
“Eu concordo com a Sofia. Para mim, a virada também veio quando vimos que coisas que construímos com tanto esforço, durante anos, começaram a se concretizar. Isso nos colocou em posições de liderança de forma natural. Além disso, quando os voluntários começaram a chegar, senti um forte senso de responsabilidade: era preciso organizar, coordenar e cuidar dessas pessoas que estavam confiando em nós. Esse momento foi fundamental para eu me perceber enquanto líder.”
Essas falas mostram que liderança não é uma imposição, mas um processo vivido na prática, marcado pelo reconhecimento da responsabilidade, pelo impacto social e pela capacidade de engajar pessoas em torno de um propósito coletivo.
E você? De que forma está saindo da sua zona de conforto para se tornar um líder e inspirar os outros ao seu redor?