Um estudo divulgado nesta quinta-feira na revista Frontiers in Public Health revela um aumento exponencial nas picadas de escorpião no Brasil, configurando o que especialistas descrevem como uma “epidemia silenciosa“.
Em menos de uma década, entre 2014 e 2023, o número de casos saltou 250%, atingindo a marca de 1.171.846 notificações. A rápida proliferação desses aracnídeos em áreas urbanas, impulsionada por fatores como urbanização desordenada, saneamento precário e alterações climáticas, acende um alerta para uma possível crise nacional de saúde pública.
A espécie Tityus serrulatus, popularmente conhecida como escorpião-amarelo, é apontada como a mais perigosa e predominante, especialmente na região Sudeste, responsável por mais de 49% dos casos registrados no período analisado.
Além disso, a capacidade de reprodução assexuada e a adaptação do escorpião-amarelo ao ambiente urbano tornam seu controle um desafio ainda maior. Esses animais encontram refúgio e alimento na rede de esgoto, de onde podem facilmente invadir residências, inclusive apartamentos em andares elevados, utilizando as tubulações como via de acesso.

A real dimensão do problema pode ser ainda maior, conforme ressalta o estudo, sugerindo que muitas ocorrências não são devidamente notificadas. As projeções para os próximos dez anos são igualmente preocupantes, com a estimativa de que o Brasil possa registrar mais de 2 milhões de casos de picadas de escorpião até 2033.
Gravidade das picadas
Portanto, a gravidade das picadas de escorpião varia, mas representa um risco significativo, especialmente para grupos vulneráveis como crianças, idosos e pessoas com comorbidades, que podem desenvolver quadros clínicos mais severos.
Embora não haja relatos de falta do soro antiescorpiônico no país, sua disponibilidade é geralmente centralizada em unidades específicas por cidade, o que pode dificultar o acesso rápido em algumas situações. Além disso, a eficácia do soro diminui consideravelmente após a toxina se espalhar pelo organismo, reforçando a urgência do acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ao ocorrer uma picada.
O aumento do número de picadas de escorpião não é um fenômeno exclusivo do Brasil, sendo observado em diversas regiões do mundo. No contexto brasileiro, além do Sudeste, o Nordeste também apresenta um número elevado de casos.
Prevenção
Medidas simples podem reduzir o risco de acidentes, como vedar ralos e frestas, inspecionar roupas e sapatos antes de usar, manter jardins e quintais limpos, evitar o acúmulo de entulho e lixo, e utilizar telas em janelas.
Em caso de picada, é essencial lavar o local com água e sabão, aplicar compressa fria e procurar atendimento médico com urgência, informando o máximo de detalhes possível sobre o escorpião, se avistado.