Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (15) pela rede MapBiomas revela uma queda de 32,4% na área desmatada em todo o território nacional em 2024, acompanhada de uma redução de quase 27% no número de alerta de desmatamento. Os dados abrangem todos os biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável.
Apesar dessa redução, a área total de vegetação nativa destruída ainda alcança a marca de 1,2 milhão de hectares, com uma extensão superior a duas vezes a área do Distrito Federal. Amazônia e Cerrado, juntos, concentram mais de 89% do desmatamento no país.
Após apresentar reduções nos anos anteriores, a Mata Atlântica registrou um ligeiro aumento de 2% no desmatamento em 2024. A pesquisadora do MapBiomas Natalia Crusco atribui essa mudança de perfil aos eventos climáticos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul neste ano. As enchentes no estado foram responsáveis por um aumento de 70% na perda de vegetação nativa, impactando o índice geral da Mata Atlântica.
Cerrado
Apresentando a maior área de perda de vegetação nativa no Brasil em 2024, o cerrado com 652.197 hectares devastados representa a maior parte da destruição no período. A região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) é um dos principais focos de desmatamento no Cerrado, respondendo por 75% da perda de vegetação nesse bioma e cerca de 42% de toda a área desmatada no país.
O Pará, estado que sediará a COP30 em Belém, também figura entre os maiores desmatadores, liderando o ranking de perdas acumuladas entre os períodos de 2019 e 2024, com aproximadamente 2 milhões de hectares destruídos. Com os estados do Matopiba, o Pará compõe o grupo dos cinco estados responsáveis por 65% da área desmatada no Brasil em 2024. Mesmo com uma redução de 34,3% em seu desmatamento em comparação com 2023, o Maranhão liderou o ranking dos estados que mais desmataram no último ano, com 218.298,4 hectares destruídos.
Degradação florestal
O Brasil perdeu em seus anos uma área de vegetação equivalente à Coreia do Sul, com 9.880.551 hectares desmatados entre 2019 e 2024, sendo 67% dessa área (6.647.146 hectares) somente na Amazônia Legal.
Um estudo publicado na revista científica “Global Change Biology” por pesquisadores do Inpe e da USP alerta para o avanço da degradação florestal na Amazônia, impulsionada principalmente por incêndios florestais durante períodos de seca extrema. Entre 2022 e 2024, a área degradada na Amazônia cresceu 163%, atingindo 25 mil km² em 2024, uma área maior que o estado de Sergipe.

Na Caatinga, um único imóvel rural no Piauí desmatou 13.628 hectares em apenas três meses, o maior alerta de desmatamento já registrado pelo MapBiomas em seis anos de monitoramento. O Pantanal e a Mata Atlântica perderam, respectivamente, 1,9% e 1,1% de sua área em 2024. O Pampa apresentou a menor área de desmatamento, com apenas 0,1% do total.
O MapBiomas destaca ainda que a agropecuária é responsável por mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil nos últimos seis anos, enquanto o garimpo concentra 99% de sua devastação na Amazônia.