O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi preso pela Polícia Federal (PF) em Maceió, Alagoas, nesta sexta-feira (25), em cumprimento a uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão foi realizada por volta das 4h, no aeroporto de Maceió, no momento em que Fernando se preparava para embarcar com destino a Brasília. A ação é consequência da condenação do ex-presidente a 8 anos e 10 meses de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em um desdobramento da Operação Lava Jato.
Dessa forma, a decisão de Moraes, que rejeitou os recursos da defesa do ex-presidente, determinou o início imediato do cumprimento da pena. Conforme o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, Fernando Collor seguirá detido na Superintendência da PF em Maceió enquanto o Supremo Tribunal Federal não determina o local definitivo para o cumprimento da pena.
O caso, que se arrasta desde 2015, envolve acusações de recebimento de R$ 29,9 milhões em propinas em negócios da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, entre 2010 e 2014.
Condenação
A condenação de Fernando Collor, em 2023, decorreu de uma investigação que apurou um esquema de corrupção ligado a contratos firmados entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis.
Segundo as investigações, a propina seria destinada a viabilizar irregularmente esses contratos. A denúncia original da Procuradoria-Geral da República (PGR), apresentada ao STF em 2015, o acusava de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e obstrução de Justiça.
Ao longo do processo, o STF descartou as acusações de peculato e obstrução de Justiça e considerou que o crime de organização criminosa já havia prescrito. Ao final, a corte considerou comprovada a propina de R$ 20 milhões, um valor inferior aos R$ 29,9 milhões apontados pela PGR. O caso foi julgado no STF devido ao fato de Collor ser senador por Alagoas na época da denúncia.

As investigações contaram com relatos de delatores da Lava Jato, como o doleiro Alberto Youssef, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e o auxiliar de Youssef, Rafael Ângulo, que detalharam o esquema de pagamento de propinas. Além de dele, os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos também foram condenados pelo envolvimento no esquema.
Quem é Fernando Collor
Fernando Afonso Collor de Mello, nascido no Rio de Janeiro em 1949, construiu sua carreira política em Alagoas, onde foi prefeito de Maceió, deputado federal e governador. Sua ascensão o levou à presidência da República em 1989, na primeira eleição direta após o fim da ditadura militar.
Seu governo foi marcado pelo Plano Collor, que confiscou a maior parte da poupança dos brasileiros em uma tentativa de conter a inflação. No entanto, as denúncias de corrupção, envolvendo o tesoureiro PC Farias, culminaram em um processo de impeachment. Ele renunciou ao cargo durante a sessão de julgamento no Congresso.
Após um período afastado da política, Collor retornou à cena pública nos anos 2000, sendo eleito senador por Alagoas em 2006, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos.