Paulo Cupertino Matias, chocou a todos com o triplo homicídio do ex-ator de Chiquititas, Rafael Henrique Miguel, de 22 anos, e de seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma da Silva, chocando pela violência e motivação por trás do ato: a não aceitação do relacionamento da filha de Cupertino, Isabela Tibcherani Matias, com Rafael.
Quase cinco anos após o crime, o caso ainda aguarda a conclusão do julgamento de Cupertino, que irá a júri popular na próxima quinta-feira, 29 de maio, em mais uma tentativa de se fazer justiça às vítimas.
Paulo Cupertino Matias, pai de Isabela, nutria uma relação de controle e posse sobre a filha, e o namoro dela com Rafael era algo que ele se recusava a aceitar.
A escalada da violência
O fatídico dia 9 de junho de 2019 começou com a tentativa de Rafael e seus pais de apaziguar a situação. Isabela havia saído para se encontrar com Rafael em uma praça próxima à sua casa, no bairro do Socorro, Zona Sul de São Paulo. Ao perceber a ausência da filha, Cupertino, com seu temperamento explosivo, exigiu que a esposa, Vanessa Tibcherani de Camargo, fizesse com que Isabela retornasse para casa.

Sem conseguir contato direto com a filha, Vanessa ligou para o celular de Rafael. Quem atendeu, no entanto, foi a mãe do ator, Miriam, já que ele havia esquecido o aparelho em casa. Foi nesse momento que os pais de Rafael, na tentativa de resolver o impasse e obter a aprovação de Cupertino para o namoro, decidiram levar o celular ao filho e, na sequência, deixar Isabela em casa, aproveitando a oportunidade para conversar com o pai dela.
Acreditando em um desfecho pacífico para a situação, eles se dirigiram à residência. Contudo, a conversa nunca aconteceu. Segundo o relato de Isabela à polícia, ao chegar em sua residência com Rafael e seus pais, Cupertino foi ríspido, ao atender ao portão e ordenar que a filha entrasse, fechando a porta em seguida.
Nesse instante, Miriam, mãe de Rafael, pediu para conversar. O que se seguiu foram diversos tiros disparados por Paulo Cupertino. A perícia contabilizou ao menos treze disparos, executando Rafael e seus pais no local.
Após o massacre, Paulo Cupertino Matias empreendeu uma fuga que durou três anos. Ele conseguiu escapar das autoridades, passando por cerca de 100 endereços em pelo menos três países: Brasil, Paraguai e Argentina.
A captura e o julgamento
A longa espera por justiça teve um avanço significativo em maio de 2022, quando Paulo Cupertino Matias foi finalmente capturado em um apartamento na Zona Sul de São Paulo. Com a prisão de Cupertino, o processo judicial pôde seguir seu curso. Ele foi indiciado por triplo homicídio qualificado, e a denúncia do Ministério Público de São Paulo detalhou a possessividade do acusado em relação à filha como a principal motivação do crime.
O primeiro julgamento, que estava marcado para outubro de 2024, foi encerrado após Cupertino destituir sua defesa já com o júri iniciado. Cupertino, em um pedido de habeas corpus escrito à mão e endereçado à Justiça, alegou inocência e clamou por um “juiz imparcial”, citando o direito de toda pessoa acusada de delito à presunção de inocência.
Se queixando de ser “acusado, massacrado e perseguido de formas e informações totalmente desprovidas e mentirosas, achismos e suposições”, como escreveu na carta. No entanto, o pedido foi apreciado e negado pela Justiça, que não reconheceu suas alegações.
Agora, na próxima quinta-feira, 29 de maio, Paulo Cupertino Matias enfrentará um novo júri popular. A expectativa é de que, desta vez, o julgamento seja concluído e que o caso, que se arrasta há anos, chegue a um veredicto.