Uma descoberta inédita coloca o Brasil no mapa dos registros mundiais de um câncer extremamente raro: o carcinoma espinocelular associado ao implante mamário de silicone (BIA-SCC, na sigla em inglês). O caso foi identificado por pesquisadores do Hospital de Amor, em Barretos (SP), e chama atenção pela gravidade e pela raridade da doença. Até hoje, apenas cerca de 20 ocorrências semelhantes haviam sido relatadas no mundo.
O caso brasileiro
A paciente, uma mulher de 38 anos, havia colocado próteses de silicone aos 20. Duas décadas depois, começou a apresentar dores e aumento no volume da mama, além de acúmulo de líquido ao redor do implante. Após exames e biópsia, veio a confirmação do diagnóstico: carcinoma espinocelular na cápsula que envolve a prótese.
O tratamento incluiu a retirada do implante e mastectomia, mas, infelizmente, a paciente não resistiu e faleceu dez meses após o diagnóstico.
O que a ciência descobriu
O carcinoma espinocelular associado a implantes é descrito como agressivo e de difícil controle. Pesquisadores brasileiros analisaram este e outros relatos mundiais e propuseram um novo sistema de estadiamento para a doença, com o objetivo de padronizar diagnósticos e tratamentos.
Além disso, levantaram hipóteses sobre possíveis causas: inflamações crônicas da cápsula ao redor da prótese e o tempo prolongado de uso dos implantes podem estar relacionados ao desenvolvimento do câncer.

É seguro colocar silicone?
Apesar do alerta, especialistas ressaltam que o procedimento de implante de silicone continua sendo considerado seguro. O número de casos registrados é extremamente baixo em relação ao total de cirurgias realizadas no mundo.
A recomendação é que mulheres com próteses fiquem atentas a alterações como seromas tardios, dor persistente ou aumento anormal da mama, e mantenham acompanhamento médico regular.