O ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu cerca de 44,9 mil pessoas em ato na Avenida Paulista neste domingo (6). A manifestação defendia a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Para a contagem dos presentes, a Universidade de São Paulo (USP) utilizou a metodologia do Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria com a ONG More in Common. Esse método envolve o uso de inteligência artificial aplicada a imagens aéreas capturadas por drones. O processo é o seguinte:
- O primeiro passo é a captura de imagens aéreas da multidão por drones, em diversos horários durante o evento;
- Essas imagens são analisadas por um software de inteligência artificial, o método Point to Point Network (P2PNet), que identifica e marca automaticamente as cabeças das pessoas nas imagens;
- Por fim, o sistema calcula o número de pontos correspondentes a indivíduos, oferecendo uma contagem precisa mesmo em áreas de alta densidade.
Essa metodologia possui uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5% na identificação de pessoas, com um erro percentual absoluto médio de 12% em imagens aéreas com mais de 500 pessoas.
Como foi o ato
Com o objetivo de pedir anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro em Brasília, Bolsonaro e apoiadores se reuniram na Avenida Paulista. Além do ex-presidente, outras figuras políticas também marcaram presença, como os governadores:
- Tarcísio de Freitas (São Paulo – SP);
- Romeu Zema (Minas Gerais – MG);
- Ratinho Junior (Paraná – PR);
- Wilson Lima (Amazonas – AM);
- Ronaldo Caiado (Goiás – GO);
- Mauro Mendes (Mato Grosso – MT);
- Jorginho Mello (Santa Catarina – SC).
A manifestação teve início com uma oração liderada pela deputada federal Priscila Costa, vice-presidente do PL Mulher, por volta das 14h. Durante o ato, críticas foram direcionadas ao Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado Nikolas Ferreira chamou os ministros de “ditadores de toga”.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou, pedindo uma “anistia humanitária” e defendendo Débora Rodrigues Santos, presa por pichar a estátua “A Justiça” em Brasília. A presença de batons nas mãos dos manifestantes, alguns deles infláveis, simbolizava o apoio à cabeleireira. No entanto, Débora enfrenta acusações que vão além da pichação, incluindo participação em movimentos golpistas e obstrução da justiça.

Por volta das 15h40, Jair Bolsonaro assumiu o microfone, reiterando o pedido de anistia para os presos pelos atos golpistas. Em seu discurso, ele criticou o STF e o presidente Lula, defendeu seu governo, mencionou a criação do PIX e questionou o resultado das eleições de 2022, alegando “interferência“.
PL da Anistia
O PL 5064/2023 é o projeto de lei que “perdoa” os acusados e condenados pelos crimes nas manifestações do dia 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Durante a manifestação deste domingo, o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), disse que há articulações para que o texto seja colocado em votação.
A pesquisa Quaest, divulgada neste domingo, apontou que 56% dos brasileiros são contra a anistia. No dia 21 de março, um levantamento feito pelo Poder Data, instituto de pesquisa ligado ao site de jornalismo Poder360, também mostrou a mesma tendência, revelando que 51% das pessoas são contrárias ao projeto de lei.