Atlas da Violência 2025: Homicídios caem, lar é risco para crianças

Divulgado nesta segunda-feira (12), o Atlas da Violência 2025 registrou a menor taxa de homicídio em 11 anos, porém, também ressaltou a violência doméstica
Homem de calça jeans e moletom preto sentado com as mãos machucadas cruzadas em frente ao corpo
Atlas da Violência 2025: Homicídios caem, lar é risco para crianças. Reprodução/Pexels/@cottonbrostudio

O Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12/05) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revela um cenário complexo da violência no Brasil.

Apesar de registrar a menor taxa de homicídios em 11 anos, com 45.747 mortes em 2023 (21,2 por 100 mil habitantes, uma redução de 2,3% em relação a 2022), o estudo aponta para uma preocupante realidade dentro de casa, especialmente no que diz respeito à violência contra crianças e adolescentes.

O lar como cenário de terror para milhares de crianças

Um dos dados mais alarmantes do Atlas da Violência 2025 é o que escancara a insegurança dentro do ambiente doméstico para crianças. Segundo o levantamento, 67% dos casos de violência contra crianças ocorreram dentro de suas próprias casas.

A estatística é reforçada pela análise de Aline Midlej no #J10, que destaca como “pais, padrastos e madrastas estão fazendo das casas o maior pesadelo de milhares de infâncias“. Entre as crianças de até quatro anos, nove entre dez homicídios são cometidos no seio familiar.

Os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde corroboram essa tendência, mostrando um crescimento de 36,2% nas notificações de violência não letal (negligência, física, sexual e psicológica) contra crianças e adolescentes entre 2022 e 2023, atingindo um recorde de 115.384 atendimentos.

Veja também:  Geração Z redefine as prioridades na escolha de trabalho

A violência física contra crianças de 0 a 4 anos apresentou um aumento ainda mais expressivo, de 52,2% no mesmo período. O Atlas detalha que a negligência é a forma de violência mais comum na primeira infância, a sexual na adolescência e a física na maturidade, com a negligência retornando na velhice.

Juventude e outros grupos vulneráveis

O Atlas de 2025 também lança luz sobre a vulnerabilidade da juventude à violência letal. Em 2023, 34% das mortes de jovens entre 15 e 29 anos foram classificadas como homicídios, representando 47,8% do total de assassinatos no país, com uma média de 60 jovens mortos violentamente por dia.

Na série histórica de 2013 a 2023, 312.713 jovens foram vítimas da violência letal no Brasil, sendo os homens 94% dessas vítimas. As armas de fogo seguem sendo o instrumento mais utilizado nesses crimes, correspondendo a 83,9% dos homicídios de jovens entre 15 e 19 anos.

Atlas da violência: Homicídios caem, lar é risco para crianças
Armas de fogo são o instrumento mais utilizado na morte de jovens. (Foto: reprodução/Pexels/@TerranceBarksdale)

Além da infância e da juventude, o estudo detalha a violência contra outros grupos. Em 2023, a probabilidade de uma pessoa negra ser assassinada foi 2,7 vezes maior em comparação com indivíduos não negros. Essa disparidade representou um crescimento de 15,6% em relação aos dados de 2013.

Veja também:  A data de estreia de "Jurassic World 4"

A taxa de homicídios de indígenas (22,8 por 100 mil habitantes) também superou a nacional, apesar de apresentar uma redução significativa desde 2013. No que tange ao recorte de gênero, o número de homicídios de mulheres cresceu 2,5% entre 2022 e 2023, com mulheres negras representando 68,2% das vítimas em 2023. Os atendimentos por violência doméstica contra mulheres também tiveram um aumento expressivo de 22,7% no mesmo período.

O Atlas também traz dados inéditos envolvendo o trânsito, revelando um aumento da mortalidade nos últimos anos, impulsionado pelo crescimento das mortes envolvendo motocicletas. Entre as pessoas com deficiência, as com deficiência intelectual apresentam as maiores taxas de letalidade, sendo as mulheres com deficiência mais vulneráveis à violência em comparação com os homens.

Diante desse cenário, o Atlas da Violência 2025 não apenas apresenta um diagnóstico da violência no Brasil, mas também levanta questionamentos sobre as ações futuras. Como ressalta a jornalista Aline Midlej, “os dados estão aí, o diagnóstico está feito. O que vai ser feito? O que a gente pode fazer?“. A denúncia através do Disque 100, a aproximação dos Conselhos Tutelares e a atenção à vida familiar são apontadas como caminhos para a proteção dos mais vulneráveis.

Compartilhe este post :

WhatsApp
Facebook
Threads
LinkedIn
Pinterest

Anuncie conosco e veja sua marca alcançar novos patamares.

Últimas notícias
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.