Após um apagão de grandes proporções que afetou diversas áreas da Espanha e de Portugal na segunda-feira (28), as companhias de energia dos dois países anunciaram que a maior parte do fornecimento elétrico foi restabelecida, possibilitando a reativação progressiva dos serviços essenciais.
A Rede Eléctrica de España (REE) comunicou, na madrugada desta terça-feira (horário de Brasília), que 99,16% da demanda de eletricidade do país já havia sido restaurada. Então, a empresa garantiu que todas as subestações espanholas estavam operando normalmente pela manhã e que os trabalhos para completar a restauração continuavam em andamento.
Em Portugal, a REN (Redes Energéticas Nacionais) declarou que toda a rede elétrica estava “perfeitamente estabilizada” e que todas as subestações foram reativadas antes da meia-noite.
Assim, o apagão, que teve início na manhã de segunda-feira (horário local), cancelou voos, interrompeu o transporte público, suspendeu cirurgias em hospitais e afetou o comércio. O Ministério do Interior da Espanha chegou a declarar emergência nacional, mobilizando milhares de policiais para garantir a segurança.

Causa do apagão
A causa exata do apagão ainda é desconhecida e está sendo investigada pelas autoridades de ambos os países. Inicialmente, Portugal sugeriu que o problema teve origem na rede elétrica espanhola. Por outro lado, o governo espanhol apontou para uma falha na conexão com a França como o gatilho para a interrupção em cascata.
O primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, descartou qualquer indicação de que um ataque cibernético pudesse ter causado o blecaute. No entanto, rumores de possível sabotagem circularam, levando o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a conversar com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte.
Sánchez revelou que a Espanha sofreu uma perda repentina de 15 GW de geração de eletricidade em apenas cinco segundos, o equivalente a 60% da demanda nacional, um evento classificado como inédito.
João Conceição, membro do conselho da operadora de rede portuguesa REN, levantou a possibilidade de uma oscilação na tensão elétrica que se expandiu da Espanha para Portugal.
A REE, por sua vez, atribuiu o problema a uma falha na interconexão com a rede francesa, alegando que a magnitude da perda de energia excedeu a capacidade dos sistemas europeus de lidar, resultando na desconexão das redes espanhola e francesa e, consequentemente, no colapso do sistema elétrico espanhol.
Retorno gradual da energia
Ainda na tarde de segunda-feira, a energia começou a ser restabelecida em algumas áreas da Península Ibérica ainda na tarde de segunda-feira, com moradores celebrando o retorno da eletricidade em vídeos compartilhados nas redes sociais. Em Madri, o prefeito José Luis Martínez-Almeida pediu que a população mantivesse a cautela e ficasse em casa até que a situação estivesse completamente sob controle.
O apagão causou transtornos generalizados. Hospitais operaram com geradores de emergência, refinarias de petróleo foram fechadas temporariamente e grandes redes de varejo, como Lidl e IKEA, tiveram que interromper suas atividades.
Além disso, o transporte público foi severamente afetado, com o fechamento de linhas de metrô em Lisboa e Porto e a suspensão de serviços ferroviários em ambos os países, deixando milhares de passageiros retidos. O tráfego de internet também registrou quedas drásticas.