A estética do horror: como o filme “A Substância” exibe a crueldade dos padrões de beleza

“A Substância” critica a obsessão pela beleza feminina, distorcendo contos de fadas e revelando o horror da busca por perfeição, ao destacar os custos emocionais e físicos dessa pressão social
A estética do horror: como o filme "A Substância" exibe a crueldade dos padrões de beleza
A estética do horror: como o filme "A Substância" exibe a crueldade dos padrões de beleza. Reprodução/Pinterest/Canva

Dirigido por Coralie Fargeat, A Substância chega com uma proposta ousada: expor a crueldade dos padrões estéticos impostos às mulheres por meio de uma narrativa carregada de simbolismo e desconstrução dos contos de fadas clássicos. Protagonizado por Demi Moore, que interpreta a ex-estrela de TV Elisabeth Sparkle, o filme explora temas profundos e incômodos, tornando-se um espelho sombrio da obsessão social pela perfeição feminina.

O filme apresenta Elisabeth Sparkle como uma personagem que, após perder espaço na mídia, busca desesperadamente manter sua juventude e beleza. Para isso, ela recorre a uma droga clandestina que permite a criação de uma versão jovem de si mesma: Sue, interpretada por Margaret Qualley. Essa versão rejuvenesce a vida de Elisabeth temporariamente, mas à medida que o processo se revela, o filme se transforma em um conto de horror corporal, onde glamour e degradação coexistem de maneira inquietante.

A Substância
Demi Moore em “A Substância”. (Foto: reprodução/Pinterest/Canva)

Com uma estética hiper-realista e referências explícitas às princesas da Disney, Fargeat distorce o ideal romântico e inocente dessas figuras. A personagem Elisabeth possui traços da Rainha Má de Branca de Neve, refletida na insegurança constante diante do espelho e na comparação com Sue. Por outro lado, Sue, remete a Cinderela em uma corrida contra o tempo, em que cada troca de corpos rouba algo dela, simbolizando a efemeridade da beleza.

Uma reflexão sobre a obsessão estética

A Substância” é, sobretudo, uma sátira aos contos de fadas e à cultura que impõe uma beleza inatingível às mulheres. O filme mostra que, assim como a Rainha Má um dia foi uma princesa, a juventude é passageira, e a busca pela perfeição acaba transformando-se em um ciclo vicioso e destrutivo. Elisabeth, uma mulher com mais de 50 anos, representa a pressão social que leva as mulheres a se prenderem à sua própria imagem, temendo a perda da juventude como se fosse uma perda de valor.

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Ademais, a frase dita por Dennis Quaid no final — “meninas bonitas devem sempre sorrir” — reforça a crítica aos padrões de feminilidade e à superficialidade das narrativas que condicionam as mulheres a manterem uma imagem eternamente jovem e feliz. Em “A Substância“, Fargeat se afasta do final “felizes para sempre” e propõe um final onde os contos de fadas são desmascarados e as realidades das mulheres são reveladas em toda a sua crueza.

Estética e impacto visual

A ambientação em Los Angeles, começando pela emblemática Calçada da Fama, já estabelece a conexão do filme com o culto à celebridade e o custo da fama. A estrela de Elisabeth rachada e suja de ketchup é uma metáfora para a degradação que o tempo impõe sobre os ídolos, principalmente aqueles que dependem da beleza e da juventude.

Além disso, a fotografia e direção de arte criam um universo onde glamour e horror se entrelaçam, enquanto Moore e Qualley entregam performances intensas que evidenciam a decadência emocional e física de suas personagens. O efeito é desconfortante e arrebatador, provocando tanto o encantamento quanto o horror.

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Assim, a crítica ao mundo atual — especialmente à pressão pela juventude eterna e os padrões de beleza inalcançáveis — faz de “A Substância” um filme necessário. É um choque para o espectador, que é levado a repensar a obsessão contemporânea por aparências e juventude. Fargeat transforma o filme em um ‘tapa na cara’, provocando o público a refletir sobre até onde estamos dispostos a ir para satisfazer as expectativas estéticas e sociais.

Um final sem príncipes encantados

Em sua essência, “A Substância” oferece uma crítica densa e relevante. A diretora Coralie Fargeat transforma o horror corporal e a narrativa de autodestruição de Elisabeth em uma alegoria do envelhecimento feminino em uma sociedade que valoriza as mulheres por sua aparência. Ao subverter o conto de fadas, Fargeat sugere que não há príncipes e finais felizes; há, sim, uma luta incessante contra padrões inatingíveis.

O filme é, sem dúvida, uma obra que gera desconforto, mas que é essencial para discutir como a busca pela perfeição física impacta a vida das mulheres. Com elementos visuais e narrativos que provocam reflexão e indignação, “A Substância” confirma-se como uma das críticas mais contundentes aos estereótipos de beleza na era atual.

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