Em recente entrevista concedida a Hugo Gloss, o ator, diretor e produtor Wagner Moura falou sobre o momento atual de sua carreira e refletiu sobre a possibilidade de retornar às novelas, formato que marcou o início de sua trajetória artística, mas que, segundo ele, exige um tipo de dedicação que hoje não cabe mais em sua rotina.
“Eu acho difícil, porque eu fiz duas novelas de que eu gostei muito, aprendi um monte nas duas, mas é um compromisso também! Você passa quase um ano fazendo aquilo”, afirmou o artista.
A fala, compartilhada repercutiu amplamente entre fãs e colegas de profissão, reacendendo o debate sobre o impacto das novelas na formação dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira e sobre o que leva muitos atores consagrados a se afastarem desse formato.
As raízes na televisão
Antes de se tornar um dos artistas mais respeitados do país e conquistar reconhecimento internacional, Wagner Moura começou sua trajetória no teatro e na televisão. Seu primeiro grande destaque veio em “A Lua Me Disse” (2005), novela da TV Globo em que interpretou o cômico e apaixonado Vilhena. O sucesso foi imediato e abriu as portas para outros papéis de destaque, como o inquieto Olavo, em “Paraíso Tropical” (2007) personagem que lhe rendeu elogios da crítica e o consolidou como um dos grandes talentos da nova geração da época.
Mesmo com apenas duas novelas no currículo, Moura marcou presença intensa. Sua atuação sempre fugiu do óbvio, revelando um ator inquieto e interessado em papéis complexos. Ainda assim, como o próprio confessou, a rotina exaustiva das produções diárias pesou. “É um aprendizado enorme, mas o tempo de gravação é brutal. Você se entrega de corpo e alma por meses”, comentou, reforçando a dificuldade de conciliar o formato com seus projetos de cinema e direção.
Wagner Moura: do Brasil para o mundo
A partir da segunda metade dos anos 2000, Wagner Moura migrou de vez para o cinema e, posteriormente, para o streaming. O ator se destacou como o icônico Capitão Nascimento nos filmes “Tropa de Elite” (2007) e “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” (2010), ambos dirigidos por José Padilha. As produções não apenas quebraram recordes de bilheteria, mas também transformaram Moura em um símbolo da nova fase do cinema nacional mais ousado, crítico e conectado às tensões sociais do país.
Seu trabalho chamou atenção fora do Brasil. Em 2015, ele interpretou Pablo Escobar na série “Narcos”, da Netflix, papel que exigiu dele fluência em espanhol e mergulho profundo na complexa psicologia do narcotraficante colombiano. A atuação lhe rendeu reconhecimento internacional e o colocou definitivamente no radar de Hollywood.
Desde então, o ator tem diversificado sua carreira. Atuou em produções como “Sergio” (2020), filme da Netflix sobre o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, e “Civil War” (2024), longa de Alex Garland, em que contracenou com Kirsten Dunst e Cailee Spaeny. Moura também tem se dedicado à direção e produção, com destaque para o longa “Marighella” (2021), sua estreia como diretor. um projeto que enfrentou censura e desafios políticos, mas foi aplaudido em festivais internacionais. O futuro e a relação com as séries
Na mesma entrevista, Wagner não descartou completamente a televisão, mas deixou claro que hoje prefere projetos mais curtos e flexíveis. “Uma série, sim, porque demora menos”, disse o ator, indicando que o formato das produções seriadas, comuns em plataformas de streaming, se encaixa melhor em sua atual fase profissional e pessoal.
Essa preferência reflete uma tendência entre artistas brasileiros que, após anos de trabalho intenso em novelas, buscam novos desafios e liberdade criativa. As séries, com temporadas mais curtas e maior controle artístico, permitem a experimentação que muitos desses profissionais desejam.
Um artista multifacetado
Mais do que um ator, Wagner Moura é reconhecido por sua inquietude intelectual e por seu engajamento político e social. Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, ele sempre se posicionou sobre temas como desigualdade, direitos humanos e democracia. Essa postura se reflete em suas escolhas artísticas, ele prefere projetos com relevância social e que provoquem reflexão.
Sua trajetória é marcada por um equilíbrio raro entre o sucesso popular e o respeito crítico. Seja nas telas nacionais, nos palcos, ou em produções internacionais, Wagner Moura consolidou-se como uma das vozes mais autênticas e influentes do audiovisual brasileiro.
E, embora diga “eu acho difícil” quando o assunto é voltar às novelas, seu amor pela atuação continua inabalável apenas moldado por uma nova fase de maturidade, escolhas mais seletivas e a busca por narrativas que realmente o desafiem.
Wagner Moura reafirma seu afastamento das novelas, destacando o ritmo intenso e a longa dedicação exigida pelas produções. O ator, que brilhou em “Paraíso Tropical” e se tornou ícone em “Tropa de Elite”, hoje prioriza papéis no cinema e em séries, onde encontra mais liberdade criativa. Sua trajetória segue como exemplo de versatilidade e compromisso artístico, consolidando-o como um dos nomes mais respeitados do Brasil no cenário internacional.