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Grazi celebra 20 anos com vilã sombria em “Três Graças”

Grazi Massafera chega aos 20 anos de carreira como vilã em “Três Graças”: o peso de um “repertório de atrocidades”

Na virada de um marco profissional tão simbólico, duas décadas no meio artístico, Grazi Massafera escolhe um caminho ousado: estrear como antagonista em horário nobre. Em “Três Graças”, novela das 21h escrita por Aguinaldo Silva, ela dará vida à personagem “Arminda“, uma figura complexa, sombria e repleta de facetas, rasgando a imagem muitas vezes reservada às protagonistas gentis. É um papel que carrega expectativa, risco e também a promessa de reinventar sua trajetória.

Arminda: vilã que rejeita, oprime e conspira

A descrição da vilã “Arminda” já revela sua brutalidade: ela rejeita o próprio filho, menospreza e destrata sua mãe, e comanda, ao lado do amante “Santiago Ferette” (interpretado por Murilo Benício), um esquema criminoso de falsificação de medicamentos.

"Arminda": vilã que rejeita, oprime e conspira
Arminda“: vilã que rejeita, oprime e conspira. (Foto: reprodução/Instagram/@massafera)

Além dessa perversidade familiar, “Arminda” opera uma ambição cruel e sem escrúpulos, sustentada pelo humor ácido e por uma postura arrogante e manipuladora.

Sua relação com o filho “Raul” e com a mãe “Josefa“, uma senhora idosa com fragilidade neurológica, é marcada por humilhação, desprezo e desfaçatez emocional, elementos que prometem tensão dramática intensa.

Já na esfera pública e econômica, “Arminda” se associa a “Santiago” para explorar um mercado negro de remédios falsificados, operando uma rede de corrupção que coloca vidas em risco, especialmente das populações mais vulneráveis.

Em síntese, o que se anuncia é uma vilã multifacetada: ao mesmo tempo figura familiar venenosa e mentora de crimes de grande porte.

Um presente de 20 anos: ousadia e desafio

Para Grazi Massafera, interpretar uma vilã profunda em horário nobre representa mais que um papel: é um rito de passagem. Em entrevista ao gshow, ela admite sentir frio na barriga, insônia e nervosismo diante da magnitude da personagem.

É expressivo que esse seja o momento escolhido para romper com a zona de conforto: até agora, muitos de seus personagens eram protagonistas ou figuras com apelo emocional mais suave. Agora, ela mergulha no território da maldade explícita.

A inversão da "imagem doce" de Grazi
A inversão da “imagem doce” de Grazi. (Foto: reprodução/Instagram/@massafera)

A própria atriz reconhece a pressão de suceder vilãs icônicas da teledramaturgia, ela cita até mesmo Odete Roitman como modelo (e possível fantasma a ser superado).

Mas esse risco também tem potencial transformador: ao interpretar uma vilã robusta e rica em contradições, Massafera pode ampliar seu espectro dramático e conquistar um novo patamar de reconhecimento.

As implicações simbólicas dessa vilania

Grazi Massafera, ao longo de sua carreira, muitas vezes transitou por papéis de perfil mais gentil, emocional ou vulnerável. Ao assumir uma vilã “sem freio”, ela desafia as expectativas do público sobre sua persona artística e pergunta: até onde uma atriz associada à doçura pode se reinventar no terreno do grotesco?

O enredo de falsificação de medicamentos conecta a vilania à uma denúncia social potente. Não se trata de maldade simbólica apenas: o esquema que mata vidas envolve poder, capital e impunidade. Arminda, ao participar desse jogo criminoso, encarna uma face extrema dos males da corrupção que apontam para desigualdades estruturais na sociedade.

Sua crueldade contra o filho e contra a mãe revela uma lógica de poder que ultrapassa o crime: demonstra que, para Arminda, laços familiares são domínios a serem manipulados, humilhados e controlados. Isso traz um viés mais íntimo, psicológico, à vilania, não se trata só de planos maquiavélicos, mas de tortura emocional.

Expectativas na recepção do público

Há indícios de que o público assistirá Arminda com fascínio e repulsa simultâneos. Ao assumir o papel de vilã aguçada, Grazi Massafera arrisca críticas em função da comparação com antagonistas já consagradas, especialmente porque vilãs de novela das 9 têm peso simbólico e icônico no imaginário nacional. Ela mesma reconhece essa cobrança: “sei que estou pressionada depois de Odete Roitman” comenta em entrevista.

Para que o personagem dê certo, será fundamental que Arminda seja crível, não caricata, e que sua jornada narrativa permita ao público entender as motivações, por mais sombrias que sejam. Caso ela caia no estereótipo vacilante da vilania sem escopo, o impacto pode se esvair.

Além disso, o sucesso da trama dependerá da construção da antagonista em diálogo com a protagonista “Gerluce” (Sophie Charlotte) e as investigações sobre o esquema de remédios, haverá tensão moral e emocional suficiente para prender o espectador? Esse será outro teste.

Rompendo barreiras

Aos 20 anos de estrada, Grazi Massafera ousa romper sua própria zona de conforto e aceitar o papel da vilã máxima de “Três Graças”.Arminda” não é uma antagonista genérica: ela mistura perversidade familiar, ambição criminal e elegância corrupta. Se construída com profundidade, essa personagem pode não só marcar uma nova fase da carreira da atriz, mas ser mais uma das vilãs memoráveis da televisão brasileira.