Press ESC to close

“Amores Materialistas”: quando o amor vira moeda de troca

Em "Amores Materialistas", Celine Song transforma o romance em uma reflexão sobre desejo, status e consumo. Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans protagonizam uma história que expõe como o amor se tornou moeda de troca na era do capitalismo emocional

O romance como espelho da sociedade contemporânea

Em “Amores Materialistas“, Celine Song, aclamada por “Vidas Passadas“, volta a explorar a fragilidade dos laços humanos, mas desta vez sob a lente afiada do consumo e da aparência. O longa apresenta Lucy (Dakota Johnson), uma jovem que trabalha como casamenteira, unindo pessoas não apenas por afinidades emocionais, mas também por status e poder aquisitivo.

A partir dessa premissa, o filme questiona: o amor ainda é um sentimento genuíno ou se tornou uma transação? Em meio a aplicativos de relacionamento e redes sociais que transformam afetos em métricas, Song provoca o espectador a refletir sobre a superficialidade dos vínculos modernos.

Amor, desejo e capital: uma combinação perigosa

A narrativa se desenrola entre o dilema pessoal de Lucy, dividida entre dois homens de classes sociais distintas, e o pano de fundo de uma sociedade que mede o valor das pessoas por sua capacidade de consumo. O enredo constrói um retrato incômodo, no qual emoções parecem sempre atravessadas por interesses e aparências.

Na imagem, os atores Pedro Pascal e Dakota Johnson aparecem caminhando juntos em uma rua movimentada, em cena do filme Amores Materialistas.Pedro Pascal veste um paletó bege e camisa marrom, com expressão séria e o braço envolto na cintura de Dakota Johnson, que usa uma jaqueta de couro preta e olha ligeiramente para o lado, com semblante atento. O fundo urbano, com fachadas de bares e letreiros, reforça o clima contemporâneo e realista da trama.
Pedro Pascal e Dakota Johnson atuam no longa. (Foto: reprodução/A24)

Mais do que um drama romântico, o filme funciona como um ensaio sobre a mercantilização dos sentimentos. Lucy, ao tentar encontrar um amor “perfeito”, acaba confrontando suas próprias contradições: entre o desejo de ser amada e o medo de perder o status que conquistou.

Uma crítica envolta em delicadeza

Celine Song opta por uma linguagem visual elegante, quase poética. O ritmo pausado e os silêncios expressivos dão espaço para a introspecção, permitindo que o público perceba a solidão por trás das fachadas. A trilha sonora sutil e a fotografia sofisticada reforçam a dualidade entre beleza e vazio.

Embora o filme tenha sido rotulado por alguns como uma “comédia romântica moderna”, “Amores Materialistas” desafia esse rótulo ao recusar finais fáceis e ao evidenciar a tensão entre afeto e conveniência.

O retrato de uma geração

No fim, “Amores Materialistas” se revela como o espelho de uma era em que até o amor precisa “performar” para sobreviver. Celine Song propõe um olhar maduro sobre as relações, lembrando que, no meio de tantos filtros e contratos emocionais, ainda há espaço para a autenticidade.