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Brasileirão investe cinco vezes mais que rivais do continente

Brasil lidera mercado sul-americano com R$ 1,3 bi em reforços; transferências mundiais chegam a R$ 53 bilhões

A janela de transferências bateu um recorde. Nesta quarta-feira (3), a FIFA divulgou o relatório que mostra que clubes do mundo inteiro desembolsaram R$ 53 bilhões, valor que supera em mais de 50% o total da temporada anterior.

Brasileirão domina janela de transferências

Os números do futebol brasileiro chamam muita atenção, mostrando presença absurda no volume de compras: o Brasileirão movimentou pouco mais de R$ 1,3 bilhão em contratações recentes — cinco vezes mais do que todas as outras ligas sul-americanas somadas, que não ultrapassaram R$ 252 milhões. Assim, os times do Brasil respondem sozinhos por cerca de 80% dos gastos totais registrados entre os clubes sul-americanos.

Os principais nomes são Flamengo, Botafogo e Palmeiras, que investiram pesado nos reforços para o segundo semestre. Os destaques da última janela foram Danilo e Samuel Lino, ambos contratados por R$ 143 milhões. Na ponta das vendas, entre junho e setembro de 2025, o Brasil também teve vantagem: R$ 1,71 bilhão em vendas contra R$ 1,34 bilhão arrecadado pelo resto do continente.

Não é novidade, mas segue impressionando. Um estudo do CIES mostra que, entre 2015 e 2024, o Brasileirão foi a segunda liga que mais lucrou com transferências globalmente, acumulando aproximadamente R$ 9 bilhões só em vendas líquidas, atrás apenas da liga portuguesa.

Além disso, o valor de mercado do Brasileirão é estimado em R$ 7,85 bilhões, quase o dobro do campeonato argentino e muito acima das demais ligas sul-americanas como a colombiana, chilena ou equatoriana.

Números do futebol feminino também impressionam

O futebol feminino não fica atrás e vem crescendo bastante nos últimos anos, conquistando os fãs de futebol de todos os países. Esse crescimento se reflete nas mais de 1.100 transferências internacionais, totalizando cerca de R$ 65 milhões. Como exemplo, podemos citar a contratação da mexicana Lizbeth Ovalle, que virou a contratação mais cara até hoje após trocar o Tigres pelo Orlando Pride por US$ 1,5 milhão (R$ 8 milhões).

Embora ainda represente uma parcela pequena dos números, o segmento feminino iniciou 2025 com um salto de 180% nas negociações internacionais. São US$ 5,8 milhões (R$ 33,6 milhões) gastos em janeiro, com 455 operações feitas.

O crescimento exponencial das cifras levanta algumas questões

Se, por um lado, o poder de investimento dos clubes brasileiros demonstra força, por outro, revela um risco de concentração econômica. Argentina, Uruguai e Chile, por exemplo, estão muito atrás em capacidade de gasto, o que cria um desnível competitivo nas competições continentais. A Libertadores e a Sul-Americana já refletem isso: nos últimos anos, o domínio brasileiro foi quase absoluto, com finais recheadas de times nacionais.

No cenário global, a Premier League segue liderando o fluxo financeiro, mas a presença brasileira chama atenção justamente por se destacar fora do eixo europeu. Ao lado de Portugal, o Brasil é referência em formar e exportar jogadores, especialmente jovens talentos que abastecem clubes de ponta na Europa. A diferença é que, agora, os clubes brasileiros também conseguem reter algumas peças por mais tempo, equilibrando vendas com investimentos em contratações de peso.

O futebol feminino, ainda em estágio de consolidação, trilha um caminho semelhante. O aumento de 180% nas transferências de jogadoras em 2025 mostra que há um mercado em expansão, ainda que distante das cifras do masculino. Clubes europeus e americanos puxam esse movimento, mas o Brasil e a América do Sul têm oportunidade de aproveitar a onda para investir em categorias de base, infraestrutura e visibilidade.