O São João de Pernambuco é um dos maiores e mais tradicionais ciclos festivos do Brasil, atraindo multidões e movimentando a economia local. Com a presença de grandes nomes da música nacional, os cachês pagos aos artistas se tornam tema de interesse, especialmente quando financiados com recursos públicos. Em 2024, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) divulgou dados sobre os valores pagos a artistas durante os festejos juninos, revelando uma ampla variação nos cachês.
Origens e significado
O São João tem origem nas festas juninas europeias, em homenagem a São João Batista, celebradas em junho e trazidas ao Brasil pelos portugueses. No Nordeste, essa festa foi ressignificada, ganhando características únicas que misturam elementos indígenas, africanos e europeus.
Em Pernambuco, o São João carrega uma força simbólica ligada ao agrarismo, à colheita do milho, à fé católica e ao sentimento de comunidade. Além disso, é uma época de reencontros familiares e de reforço da identidade nordestina.
Wesley Safadão lidera o ranking de cachês
O cantor Wesley Safadão recebeu o maior cachê individual no São João de Pernambuco em 2024, com R$ 900 mil pagos pela apresentação em Petrolina. Esse valor o posiciona no topo da lista de artistas mais bem pagos durante o ciclo junino no estado.

Outros artistas de destaque e seus cachês
Além de Safadão, outros artistas também receberam valores expressivos por suas apresentações:
• Nattan: R$ 700 mil pelo show em Santa Cruz do Capibaribe.
• Zé Neto e Cristiano: R$ 670 mil em Araripina.
• Maiara e Maraisa: R$ 654 mil em Araripina.
• Bruno e Marrone: R$ 650 mil em Petrolina.
Esses valores refletem a popularidade e o poder de atração desses artistas, que são capazes de mobilizar grandes públicos e impulsionar a economia local durante os festejos.
Contaponto: artistas locais e cachês modestos
Enquanto os grandes nomes recebem cachês elevados, muitos artistas locais se apresentam por valores significativamente menores. Exemplos incluem:
• Gleydson do Forró: R$ 428 pela apresentação em Lajedo.
• Jambeiro do Forró: R$ 520 em Lajedo.
• Vagner Silva: R$ 571 em Lajedo.
• Apolos do Forró: R$ 600 em Buenos Aires.
• Dil Miguel: R$ 600 em São Caetano.
Esses valores evidenciam a disparidade existente entre os cachês pagos a artistas de renome nacional e os destinados a músicos locais, que também desempenham papel fundamental na preservação e promoção da cultura regional.

Transparência e fiscalização dos gastos públicos
O MPPE, por meio do Painel de Transparência do São João 2024, busca monitorar e divulgar os gastos públicos relacionados aos festejos juninos. Até o momento, os dados abrangem informações de aproximadamente 60% dos municípios pernambucanos. Essa iniciativa visa garantir a transparência na aplicação dos recursos públicos e permitir que a população acompanhe como os investimentos são realizados.
A divulgação dos cachês pagos a artistas durante o São João de Pernambuco em 2024 destaca a importância de equilibrar a valorização de grandes atrações com o apoio aos artistas locais. Enquanto nomes consagrados atraem grandes públicos e impulsionam a economia, é essencial reconhecer e incentivar os músicos regionais, que mantêm vivas as tradições culturais do estado. A transparência e a fiscalização dos gastos públicos são fundamentais para assegurar que os recursos sejam utilizados de forma justa e equilibrada, promovendo uma celebração inclusiva e representativa da diversidade cultural pernambucana.
O impacto cultural e social
O São João movimenta a economia, gera empregos temporários, fortalece o turismo e, principalmente, mantém viva a cultura popular nordestina. É uma forma de resistência e de orgulho identitário — especialmente num Brasil em que o centro-sul dita as tendências culturais.
Mais do que uma festa, o São João é um patrimônio vivo, que une gerações em torno da música, da fé, da dança e do sabor. Em Pernambuco, essa festa é uma celebração da vida nordestina em toda a sua beleza e diversidade.