A síndrome de burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e mental decorrente do trabalho, passou a ser oficialmente reconhecida como uma questão de saúde pública no Brasil. A condição também foi incluída na lista de doenças ocupacionais, garantindo aos trabalhadores diagnosticados os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários previstos para enfermidades relacionadas ao ambiente profissional.
A nova classificação segue o documento da Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS), e está em vigor no país desde o início da primeira semana do ano. Com isso, os trabalhadores que forem diagnosticados com burnout terão o código QD85 da CID inserido no atestado médico, o que pode facilitar processos de afastamento e até aposentadoria por invalidez, com respaldo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da justiça brasileira.
Brasil é o segundo no ranking mundial de casos de burnout
Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) apontam que cerca de 30% dos trabalhadores no Brasil sofrem com a síndrome. Esse percentual coloca o país na segunda posição do ranking global de casos registrados.
O problema tem ganhado maior atenção nos últimos anos. Em 2023, por exemplo, a Câmara dos Deputados aprovou a inclusão da atenção a pessoas com a síndrome de burnout no Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, um levantamento do site de empregos Indeed, realizado em mais de 60 países no ano passado, revelou que quase 60% dos trabalhadores se sentem estressados na maior parte do tempo, e apenas um em cada cinco entrevistados declarou sentir que estava prosperando profissionalmente em 2024.

Sintomas e definição da OMS
A OMS define a síndrome de burnout como um “estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado”. O órgão ressalta que o fenômeno está diretamente vinculado ao trabalho e não pode ser aplicado a outros contextos da vida dos indivíduos.
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas da síndrome são cansaço extremo, esgotamento físico, falta de energia, estresse crônico, desmotivação e dificuldades de concentração. A condição pode afetar não apenas a vida profissional do indivíduo, mas também sua saúde mental e qualidade de vida como um todo.